domingo, dezembro 28, 2008

Aqui jaz um blog
















Coisa triste é visitar blog abandonado. É como se entrássemos em casas desertas, cobertas por lençóis e cheias de poeira, como a gente vê nos filmes americanos. A gente passeia pelos cômodos e não encontra sinal de vida. E pensamos em como deveria ter havido alegria pulsante todos os dias naquele lugar que amanhecia ávido por novas postagens e em como tinha movimento naqueles becos em que se entra, agora, silenciosos e tristes.
Embora não goste de passear entre os escritos abandonados, como se de repente algum acordasse do abandono imposto e pudesse me assustar, vou lendo os escombros deixados pelo poeta ou contador de histórias.
Fico a me perguntar o que faz o poeta abandonar seu lugar de registro do dia a dia. Cansaço? Tédio? Preguiça? Falta de tempo? Depressão? Falta de inspiração? Morte?
E as palavras, mudas o tempo todo, não explicam nada. Não me contam o segredo. E fico a ler tudo com avidez para ver se encontro uma pista que revele o porquê do abandono daquele espaço.
Há aqueles que, mesmo abandonados, mantêm um certo glamour. Têm classe. E mesmo deixados de lado, ainda têm atrativos, os mesmos de quando eram atualizados o tempo todo. Têm categoria.
Há, porém, aqueles em que o abandono aparece em toda parte. Ficaram obsoletos no layout, as imagens foram substituídas por um "x" e as palavras já não dizem nada. Os links estão quebrados e não levam mais a lugar algum.
É a decadência visível do espaço. Tem-se que acender a luz em cada cômodo e, mesmo assim, há aquelas que estão queimadas ou que faltam. A poeira intoxica e coça o nariz. É como se a gente descobrisse um lugar com corpos destroçados e em decomposição.
Triste, muito triste visitar um blog assim. É como se passeássemos olhando lápides de "Aqui jaz". Sensação de solidão, de adeus.
Passo depressa e, mais que depressa, clico em outros links à procura de vida.
Deixemos os mortos em paz.

domingo, novembro 09, 2008

Caixa dos guardados


















Caixa dos guardados

odeteronchibaltazar

As minhas mãos vazias escrevem o destino deste amor que já nasceu com tempo para acabar.
E entre as páginas em branco, vou deixando impressas, as lágrimas que enxuguei nas fronhas das noites insones.
Nunca soubestes das minhas agonias.
Mas hoje escancaro as janelas e deixo o sol entrar outra vez para iluminar os meus escondidos...
Fiat lux!
Há tanto para iluminar...
Há tanto para repensar e separar nas caixas que deixei sem um olhar!
Aqui está, num embrulho de papel dourado, o beijo que sempre quis dar, mas que nunca foi dado.
Nesta caixa de papelão tenho os mil anseios que guardei na espera que viesses.
Neste outro embrulho de papel pardo, tenho o choro que ninguém nunca viu. Nem tu... Ficou sempre aqui guardado.
Há também, umas gavetas trancadas. Joguei fora as chaves.
Estas, nunca mais abrirei.
Lá estão as agonias, guardadas lado a lado com a tua ausência.
Tem também a indiferença, o olhar enviezado e o gesto brusco, a palavra dura, o beiço virado.
Não quero isso mais, não!
Mas tenho um tesouro aqui nesta caixinha de música com bailarina na pontinha do pé.
É o teu riso cristalino, o senso de humor refinado, o carinho recebido...
Também guardo um pouco da tua rabugice que me deixava em polvorosa nas manhãs de azuis esperas.
Entre as páginas em branco, (aquelas escritas com minha solidão), tenho uns versos de Cecília que me aquecem o coração...
Releio e olho mais uma vez. Fecho tudo e suspiro.
As caixas dos guardados vão ficar esquecidas por mais um tempo.
Enquanto isso... outros amores virão.

odeteronchibaltazar

quarta-feira, outubro 15, 2008

Tempo de saudades

Tempo de saudades

odeteronchibaltazar

Teço as manhãs e as tardes
com a saudade que nasce
dos meus dias.
Saudades que brilham em luares,
saudades que pintam as cores do pôr-do-sol,
saudades que cintilam em meu olhar.
E por não estares em meus dias,
sigo em brumas
e melancolias
que dormem e acordam nas minhas
pobres fantasias.

odeteronchibaltazar

terça-feira, outubro 07, 2008

Recadinhos by odete

















Recadinhos by odete

Eras tu que me vestia
da cabeça aos pés.
Eras tu que me enfeitava
com as palavras
e com as tuas melodias.
E mesmo com tuas rabujices,
eu consegui ser feliz
naqueles dias.
Despida, agora,
sou ave sem ninho
mar sem praia,
pauta sem sinfonia.
E o que me resta nesta hora?
Sem ter em quem ter fé,
só o que me sobra é ir embora.

odeteronchibaltazar

segunda-feira, setembro 29, 2008

(Re)part(ir)




















(Re)part(ir)

odeteronchibaltazar

Tantas coisas já dividimos, veja só:
a dor da solidão, a ansiedade da espera, o choro da saudade...
Repartimos a ausência, a indiferença...
Fizemos os dias mais leves, em intimidades vividos.
Somamos o ar que respiramos às alegrias, às palavras,
e ao verbo que se fez poema um dia.
Acrescentamos sonhos em cada gesto, amamos com delicadeza e ternura.
Tanto tivemos pra contar, tanto a tecer considerações!
Tantos risos enfeitaram as manhãs e as noites que nem sol, nem estrelas se podiam comparar.
Quantos segredos espalhamos pelas tardes!
Brevidades...
Tão pouco desfrutamos deste amar...
Agora, seguimos em diferentes direções sem falar se há choro ou riso, se há paz, se há barulhos ou sinfonia.
Fechamo-nos em chaves, trancas e tramelas.
Não há mais espaço para a poesia.
Vidas, em monótona realidade, sem ter lugar pra fantasia.

odeteronchibaltazar

sábado, agosto 16, 2008

Recadinhos by odete


















Escondo meus beijos
em poemas inventados
na tarde solitária.
Beijoss que nunca
serão dados,
beijos da minha fome
e por mim mesma alimentados.
Traço teu nome
em laços e fitas
e dou um nó.
Guardo-o em minhas mãos,
pego um tantinho de fé
ajoelho e peço em oração
para que eu não seja tão só.
Vê bem, presta atenção:
Esta é a última fantasia
e a decisão não é arbitrária.
Não é capricho meu,
nem minha invenção.
É a mais pura verdade:
eu quero os beijos
(os teus),
aqueles que nunca me foram dados.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Minha ternura em tuas mãos

















Minha ternura em tuas mãos

odeteronchibaltazar

Entre o dito e o não-dito
fica a mágoa,
instalada
no peito
que dói.
Entre as palavras que ferem
deixo estar
minha poesia
que embalava nossos sonhos
e umas tantas fantasias.
Entre os versos tontos
fica minha ternura,
ainda pura,
que procura por teu ninar.
Entre minhas lágrimas
deixo os meus sonhos que,
tolos,
insistem em te buscar.

odeteronchibaltazar

quinta-feira, julho 31, 2008

Na medida certa


















Na medida certa

odeteronchibaltazar

Vais ficando longe,
muito longe
do meu pensamento...

E aquele amor doido,
(irracional)
vai virando
onda mansa,
água transparente...

Já não dói
tua ausência
em mim.

E eu,
criança,
procuro outro amor
que, por uns tempos,
não tenha mais fim.

odeteronchibaltazar


in "Só Poesia" Editora AVBL, pg 111, 2006

domingo, junho 29, 2008

Egoísmo

















Egoísmo

odeteronchibaltazar

Não me dei conta que cada tua mirada
era um poema escrito na íris,
marcada para sempre
pela luz do teu amor.
Como poderia eu perceber
se para mim mesma estava voltada?
Se estive o tempo todo
remoendo minha própria dor?

odeteronchibaltazar

Porta-jóias

















Porta-jóias

odeteronchibaltazar

Passaram-se muitos anos
mas teu perfume continua lá,
em saudades guardado,
no fundo daquela gaveta,
onde escondi os pequenos gestos
do amor que não podia vingar.
Tenho medo de abrir meu coração,
olhar-me bem lá dentro,
e ver a chama acesa
nos restos da poesia
que insisto em guardar.

odeteronchibaltazar

segunda-feira, junho 16, 2008

Recadinhos by odete


















Recadinhos by odete

Quando penso em ti
não consigo falar em outra coisa
que não seja estrela,
noite, cristais, amor, sol e luar...
essas breguices (tantas!)
que todo apaixonado
insiste em mostrar.
Nem me importa
se me acham piegas,
nem ligo se me chamam de brega.
Estou apaixonada e quero dizer
quero insistir :
o amor é meloso por natureza.
Tudo fica mais lindo,
tudo fica uma beleza...
Estou pouco ligando se me acham uma tola.
Fico nas nuvens e nem dou bola.
Amo tudo enfim
quando te amo tão forte assim.

odeteronchibaltazar

quinta-feira, junho 12, 2008

De cama e mesa











De cama e mesa

odeteronchibaltazar


O meu desejo eu te ofereço
em serviço de prata
e os cristais que enfeitam teu corpo
eu bebo
ávida,
insensata.
Degusta-me em pequenas porções
saboreando cada pedaço
deste desejo
que me chega
ardendo
nos beijos atrevidos que me pões...

odeteronchibaltazar

Recadinhos by odete
















Recadinhos by odete

Dizer que te amo
é repetir-me
em palavras
em pensamentos
em atos
e coração.
Dizer que te desejo
é gritar
meu segredo
aos quatro cantos
do mundo,
é te querer em oração.
Dizer que te quero
é repetir-me
em desejos
em amor
em adoração...

odeteronchibaltazar

sexta-feira, maio 16, 2008

Recadinhos by odete
















Recadinhos by odete

Sinto falta de teu nome bordado na minha pele
em carícias de fogo.
Falta-me o teu riso
fazendo música com a chuva de meu desejo.
Eu sinto a falta do nosso pouco juízo
brincando como crianças no parque.
Falta-me a tua boca
desenhada em promessas de mil beijos.
Sinto falta de acordar em teus braços
e dormir encolhida
até a noite não deixar mais nenhum traço...

odeteronchibaltazar

sexta-feira, maio 09, 2008

Aquarelas

















Aquarelas

odeteronchibaltazar

Nossos segredos
criaram asas,
e andam por aí a brincar
em páginas
viradas de branco
a cores tantas,
que nem o arco-íris consegue acompanhar.

odeteronchibaltazar

terça-feira, abril 22, 2008

Ancoradouro















Ancoradouro

odeteronchibaltazar

Quero me conhecer
no teu corpo,
fazer dele
meu porto seguro,
e em teus sonhos me aninhar.

odeteronchibaltazar

quinta-feira, abril 10, 2008

Absconso













Absconso

A palavra me incomodou o dia todo sem quê nem porquê.
Fora de contexto, fora de horário
sem significado.
Fiquei esperando o momento de escrever
e descobrir o escondido, o inusitado.
Agora não sei o que fazer com ela...

Acho que vou pintar uma aquarela

odeteronchibaltazar

quinta-feira, abril 03, 2008

Quebranto

















Quebranto

odeteronchibaltazar

Bastaria um aceno,
um gesto de leve,
um simples toque,
e minha alma se encantaria
e de novo voaria,
asa liberta por esta brancura dos versos,
e diria coisas tais que encheriam meus olhos e os teus,
e o coração se emocionaria,
e os olhos dariam águas aos rios de poesias.
Rios que correriam entre as pedras das dores quebradas e já sem mágoas.
E eu teria algas em meus dedos salpicando cada poema que saíssem de meus encantos.
E seríamos um só de novo:
energia pura,
pura poesia!

odeteronchibaltazar

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Eu me amo, você não?





















Eu me amo, você não?


odeteronchibaltazar

Não é questão de egocentrismo ou exibicionismo ou mesmo de "umbiguismo" (acabei de inventar) cuidar e curtir a própria aparência, mas quando se vê alguém que se cuida, todo mundo a rotula de exibida. Só porque cuida do próprio corpo?


Apesar dos rótulos impostos, é essencial que se tenha cuidados básicos consigo próprio, com a saúde e com a aparência.


Nosso corpo é nosso cartão de visitas. Não é preciso ser capa de revista, mas uma boa imagem é sempre bem vinda.


Para isso, precisamos ter certos cuidados e quem não se ama, não se cuida (geralmente em quadros depressivos isso se manifesta mais intensamente).


Vai daí que começa todo o processo de interiorização (você se ama) que acaba por se exteriorizar nos olhos, pele, cabelos, unhas, vestimenta...


Eu sou tímida, mas aqui na net eu fiquei exibida demais. Agora eu consigo mostrar minhas fotos que faço às escondidas de mim mesma, ou aquelas que eu tinha perdidas nas gavetas.


Acho que toda mulher tem um pouco de modelo-manequim dentro de si e adora um clic, mas nem todas têm coragem de se expor.
No meu caso, a partir do momento que consegui me "mostrar" mais, passei a achar menos defeitos em mim. Ou melhor, passei a aceitá-los sem me descabelar. Já não me acho a última das mulheres, nem a mais feia das "mocréias".


Estou gostando de mim e isso se reflete na minha aparência, no meu sorriso, no meu olhar.
E você, amiga, precisa ter seu dia de estrela. Nem que seja pra você mesma.
Um desses dias qualquer em que você está sozinha, sem nada pra fazer, vá para a frente do espelho, capriche na maquiagem, arrume os cabelos, coloque um rubro batom e faça caras-e-bocas. Clique-se mil vezes mil.
Sorria para você mesma. Divirta-se. Ria de você e com você.
Ninguém está vendo.
Só você!
E verá que legal o resultado!
Experimente! Você também vai se amar...

quarta-feira, janeiro 23, 2008

P.S. Ainda te amo...



















P.S. Ainda te amo...

odeteronchibaltazar

De repente, dei-me conta
de que não devo mais dizer teu nome.
Pode ser que acabe falando alto demais e as paredes escutem...
(E és somente sonho, fantasia, quimera...).

Tenho fome deste teu nome
que me faz rir e cantar no chuveiro
ou na chuva abundante,
na grama ou no tapete,
na noite ou no sol escaldante.

Tenho sede de beber cada sílaba,
aos goles, devagarinho,
pra saciar este meu desejo sem fim.
Então, desenho-o só para mim.

E depois, satisfeita,
dormirei entre os papéis onde te rabisquei...
(E nem reclamo).
Só eu... E tu.
E sonharei.
Sem segredos.
Incoerente.

P.S. Ainda te amo...

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Prescrição

















Prescrição

odeteronchibaltazar

Se foste aquele
que em meus dias
espalhou poesia e cânticos,
hoje és a distância
que marca
a seqüência das horas
em agonia.
E o remédio para esta dor,
que marca fundo, sem jeito,
são gotas homeopáticas,
doses mínimas de um certo amor,
(que nem sei se ainda tens)
mas só ele
(só ele!)
fará efeito
bem aqui,
junto do meu peito.
Adianta pedir?
Ou minha voz nem faz mais efeito?

odeteronchibaltazar
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