sexta-feira, maio 22, 2009
quinta-feira, maio 21, 2009
Filosofando
Hoje, apesar do sol, apesar do friozinho que tanto gosto, estou triste.
Morreu uma amiga dos tempos de colégio e que havia reencontrado no orkut.
Estranho ver ainda o perfil dela por lá e saber que não mais existe.
Estou sensível e choro por tudo. Choro pelo medo da morte que chega tão próxima, levando-me os que estão por perto.
Temor da morte é algo que todos têm, mas eu tenho um medo tão intenso que, muitas vezes, me impede de viver.
Muitas pessoas têm na religiosidade um consolo para a morte.
Eu não.
Faz algum tempo que não me encontro na minha religião.
Não creio em mais nada e isso me deixa sem perspectiva alguma, sem um lenitivo para meus temores.
Falo pro meu terapeuta, mas o que ele pode fazer em relação a isto?
Dizer que não somos eternos é me deixar mais apavorada ainda.
Falar que tenho (?) muitos anos à frente não me consola.
Afirmar que meus queridos ficarão um bom tempo comigo não me traz paz.
O que me deixaria tranquila então?
Nem eu mesma sei.
Trabalhar e seguir com a vida sem pensar na sua finitude. Viver como se fosse para sempre. Fazer planos, realizá-los e viver intensamente a família e os amigos.
Talvez sejam essas as atitudes que devo tomar para seguir adiante sem ficar em pânico.
Pensar na morte é morrer um pouco a cada pensamento.
O que me resta é ir em frente e levantar todos os dias, fazer os mesmos atos, conversar, lavar, cozinhar, escrever, varrer, beber, sorrir, chorar, amar, sentir fome, frio, calor, raiva... Ter amores, amigos, gostar do sol, da chuva é pensar que continuarei viva, embora diferente. Átomo que se transforma, mas não desaparece.
Assim dá pra pensar que serei eterna.
Hoje estou assim, filosofando.
Morreu uma amiga dos tempos de colégio e que havia reencontrado no orkut.
Estranho ver ainda o perfil dela por lá e saber que não mais existe.
Estou sensível e choro por tudo. Choro pelo medo da morte que chega tão próxima, levando-me os que estão por perto.
Temor da morte é algo que todos têm, mas eu tenho um medo tão intenso que, muitas vezes, me impede de viver.
Muitas pessoas têm na religiosidade um consolo para a morte.
Eu não.
Faz algum tempo que não me encontro na minha religião.
Não creio em mais nada e isso me deixa sem perspectiva alguma, sem um lenitivo para meus temores.
Falo pro meu terapeuta, mas o que ele pode fazer em relação a isto?
Dizer que não somos eternos é me deixar mais apavorada ainda.
Falar que tenho (?) muitos anos à frente não me consola.
Afirmar que meus queridos ficarão um bom tempo comigo não me traz paz.
O que me deixaria tranquila então?
Nem eu mesma sei.
Trabalhar e seguir com a vida sem pensar na sua finitude. Viver como se fosse para sempre. Fazer planos, realizá-los e viver intensamente a família e os amigos.
Talvez sejam essas as atitudes que devo tomar para seguir adiante sem ficar em pânico.
Pensar na morte é morrer um pouco a cada pensamento.
O que me resta é ir em frente e levantar todos os dias, fazer os mesmos atos, conversar, lavar, cozinhar, escrever, varrer, beber, sorrir, chorar, amar, sentir fome, frio, calor, raiva... Ter amores, amigos, gostar do sol, da chuva é pensar que continuarei viva, embora diferente. Átomo que se transforma, mas não desaparece.
Assim dá pra pensar que serei eterna.
Hoje estou assim, filosofando.
sexta-feira, maio 15, 2009
Um conto
Quase-perfeito
odeteronchibaltazar
Não fosse aquela dorzinha insistente na cabeça, estaria tudo perfeito. Luzes acesas, tvs ligadas, todas no mesmo canal, ventiladores girando no teto, ar condicionado ligado no máximo. Tudo fresquinho, quase gelado, agradável na semi-obscuridade solitária da casa. Um sossego..
Sentou no sofá depois do banho tomado, com um prato de frutas: uvas crocantes, deliciosas, geladinhas. Gostava de sentir o bago estourar entre seus dentes e o sumo escorrer goela abaixo. Precisava estar assim, com os bagos bem firmes para ser bom e sentir o croc gostoso na boca. Não fosse a fisgadinha na cabeça, tudo estaria mais que perfeito. Quão pouco precisava para ser feliz! A solidão, a temperatura geladinha e as uvas.
Sozinha, sem compromissos, sem esperas, sem horários, sem cobranças, cabelos molhados e despenteados, camisolão velho e furado em vários lugares por cima do corpo nu, pés em cima da mesa de centro. Como era bom estar só!
Perfeito! Não fosse a dorzinha insistente que nem mesmo o analgésico conseguira anular, ali, naquele momento, seria o céu.
Nenhum barulho lá fora, nenhum carro, ninguém para esperar. Solidão desejada. Solidão amada.
Continuou a comer as uvas e a sentir o estalar crocante e molhado na boca. Olhava a tv, sem prestar atenção. O suco ainda escorria por seus lábios quando caiu inerte, de bruços, no chão sobre as uvas, quebrando o prato.
A dor de cabeça passara, pensou...ah, agora sim, estava no céu.
No dia seguinte, o caseiro da fazenda encontrou-a deitada no chão entre cacos e uvas, mortinha da silva, como explicou ao delegado. A porta estava aberta e tudo assim, ligado e aceso. Pensei que não tinha ninguém e vim apagar as luzes, seu moço, como sempre fazia, explicou depressa.
Ela estava com um sorriso tranqüilo, como se estivesse tudo em ordem. Tudo estaria perfeito, não fossem aquelas moscas voejando ao redor da sua boca...
odeteronchibaltazar
terça-feira, maio 12, 2009
Tarja preta
Tarja preta
odeteronchibaltazar
Eu vi a criança suja na rua
recolhendo migalhas.
Eu vi o bêbado na luz da lua,
caído e sem mortalha.
Eu vi a mãe aidética,
quase nua,
dormindo por sobre o frio asfalto.
Eu vi o garoto com fome,
cheirando cola sob a luz do sol.
Eu vi o velho desdentado na rua
pedindo compaixão.
Eu vi garotos comandando assalto.
Eu vi meninas tão pequenas,
catando comida no lixão.
Eu vi!
Eu vi tudo
mas fiz que não vi, não.
odeteronchibaltazar
Pêndulo
segunda-feira, maio 11, 2009
Recadinhos by odete
segunda-feira, maio 04, 2009
Espelho das águas
ESPELHO DAS ÁGUAS
odeteronchibaltazar
Assusto-me
com os tantos caminhos
que a vida delineou em minha boca,
em meus olhos,
em meus dias.
Não me dei conta dos traçados
inúteis
que deixei vingar.
Nem me preocupei
em construir pontes,
demarcar fontes
onde, mais tarde,
eu pudesse me refrescar.
Agora,
miro este corpo marcado,
este chão quebrado e
corro feito louca
contra o tempo.
Mas ficou tarde para retomar verdades.
Inútil querer voltar ao passado.
Imagem by Martha Moura
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