quinta-feira, março 09, 2006


Formatura turma de 1972
Colégio Madre Teresa Michel, Criciúma
Mulher e romântica forever

odeteronchibaltazar

Quando fazemos uma promessa temos que cumprir se não corremos o risco de perdermos o benefício. Pois é... Eu prometi (a mim mesma) que escreveria um livro. Isso nos tempos de escola do Rio Maina e do Colégio Madre Teresa Michel. Como sempre me saía bem nas redações disseram que eu prometia. Prometia o quê? Esperavam muito daquela menina super estudiosa e comportada que até escrevia bem. E eu queria realizar todas as expectativas e ia seguindo na direção. Esperavam tudo da oradora da turma.
Colégio de freira é exigente e, embora eu viesse de uma família onde o pai era muito rígido, a disciplina da época das freiras me retraía ainda mais. Lembro que no ensaio do meu discurso de formatura a Irmã Sônia achou que estava tudo muito romantizado, meloso demais. Mas a Irmã Celina retrucou que aquele era meu estilo e que deveria permitir que ficasse assim. Ficou. Agradou e fui aplaudida. Fiz rir e chorar. E me dei conta que poderia direcionar platéias apenas com palavras.
Na Universidade já não me sentia mais tão escritora. Na Graduação de Letras um professor me tirou a ilusão. Disse que eu era romântica demais, melosa até (eu já conhecia esse veredicto) e que esse estilo tinha acabado. Eu não tinha futuro. Assim. Na bucha. Minha vontade de escrever qualquer coisa que cheirasse a literatura acabou. Apertei o botão Stop e fiquei assim tanto tempo que nem me lembro quando recomecei a escrever. Acho que depois de anos, quando senti que não estava realizada somente como mãe e que estava faltando alguma coisa a mais nessa minha jornada.
A opção por não-trabalhar-fora-de-casa trouxe consigo a vontade de realizar aquele velho sonho... Ah, tão antigo que quase não mais existia. Mas aquela chama tão débil voltou devagarinho e eu, entre uma louça e um cozido, entre tarefas da filha e reunião de mães fui escrevendo e registrando emoções que escondia em gavetas. A cada dia refazia o que escrevera no dia anterior e assim ia guardando as primeiras páginas do meu prometido livro.
Mas eu ainda tinha medo. Ainda era a garotinha do colégio com medo de mostrar os deveres ao professor. E as gavetas continuaram a guardar meus tesouros e a transbordar de romantismo até que surgiu uma novidade que modificou meu comportamento totalmente: a internet.
Nos grupos de literatura passei a interagir com outras tantas pessoas tímidas que também tinham o sonho secreto de escrever um livro e também tinham as mesmas ansiedades e medos e pretensões. E também eram românticas...
No mundo cibernético passei a me moldar diferente e surgiu uma pessoa mais solta, irreverente, criativa e amante da liberdade de expressão. Passei a conviver diariamente com centenas de escritores e leitores. Meus escritos deixaram de ser arquivos mortos e passaram a circular no mundo internáutico com uma rapidez impressionante. Dei-me conta que tudo podia ser quando escrevia. Comecei a usar minha imaginação, memória, sentimento, emoção tudo em uníssono. E deu certo. Meus livros passaram do virtual para o mundo dito real. Primeiro em Antologias com outros escritores e agora - sonho dos meus sonhos - o meu livro solo que será lançado no próximo mês. Tudo preparadinho, no gatilho, pronto para realizar a minha promessa que fiz lá atrás, lembram? Eu lembro. Nunca esqueci.
Eu escrevi o livro. Já plantei a árvore. Já tive a filha. O que falta mais? Ah, falta muito. Muito mais...

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