Imperfeito do Subjuntivo
odeteronchibaltazar
Virasse para o lado e pudesse esquecer as memórias que cismavam em vir para o jantar. Sentasse em outro lugar na mesa para um e os fantasmas fossem embora sem se despedir. Mirasse o espelho e aquela que espia saísse do gelo e a substituísse... por certo teria um pouco da paz que só existe nas fantasias das manhãs ensolaradas, no breakfast a dois, no que rola depois do amor, na cama desarrumada, na preguiça de domingo...
Pusesse um pouco mais de açúcar no café e adoçaria os inviezados do olhar, as palavras amargas, o não dito, o choro camuflado, o carinho não tido.
Tivesse um tiquinho a mais de coragem e sairia com a roupa do corpo para lugar indeterminado ou paragens desconhecidas em busca de si mesma - aquela, a que a fitava de dentro do espelho, a verdadeira, a legítima, a que não tinha dúvidas.
Tivesse a certeza, um pouco só, e estaria em risos sem a cabeça que pesava toneladas que a deixava confusa nem bem o dia começava.
Tivesse decidido e estaria tudo clean, higiênico, pasteurizado, homogeinizado sem contaminação de pensamentos atrapalhados e impuros.
Estivesse em estado de insanidade e faria coisas assim como correr pelada na chuva, beber caldo de cana no quiosque da beira da estrada, comer pão com manteiga no bar da esquina, chamar o nome do amado mesmo sem ele escutar, rezar de noite, dormir sem tomar Dormonid, acalmar-se sem Valium, animar-se sem Prozac...
Ah, se tivesse coragem e vivesse simplesmente!
21março2006
odeteronchibaltazar
Virasse para o lado e pudesse esquecer as memórias que cismavam em vir para o jantar. Sentasse em outro lugar na mesa para um e os fantasmas fossem embora sem se despedir. Mirasse o espelho e aquela que espia saísse do gelo e a substituísse... por certo teria um pouco da paz que só existe nas fantasias das manhãs ensolaradas, no breakfast a dois, no que rola depois do amor, na cama desarrumada, na preguiça de domingo...
Pusesse um pouco mais de açúcar no café e adoçaria os inviezados do olhar, as palavras amargas, o não dito, o choro camuflado, o carinho não tido.
Tivesse um tiquinho a mais de coragem e sairia com a roupa do corpo para lugar indeterminado ou paragens desconhecidas em busca de si mesma - aquela, a que a fitava de dentro do espelho, a verdadeira, a legítima, a que não tinha dúvidas.
Tivesse a certeza, um pouco só, e estaria em risos sem a cabeça que pesava toneladas que a deixava confusa nem bem o dia começava.
Tivesse decidido e estaria tudo clean, higiênico, pasteurizado, homogeinizado sem contaminação de pensamentos atrapalhados e impuros.
Estivesse em estado de insanidade e faria coisas assim como correr pelada na chuva, beber caldo de cana no quiosque da beira da estrada, comer pão com manteiga no bar da esquina, chamar o nome do amado mesmo sem ele escutar, rezar de noite, dormir sem tomar Dormonid, acalmar-se sem Valium, animar-se sem Prozac...
Ah, se tivesse coragem e vivesse simplesmente!
21março2006