sexta-feira, setembro 30, 2005
Vento Sul
odeteronchibaltazar
Este vento
com cheiro de ausências
invade meus versos,
bate em minha boca
e arrasta pelas noites
o roçar de teus lábios.
Este vento,
que se enovela
pelas ruas desertas,
canta triste pelas frestas
e traz solidão aos meus dias.
Este vento ciumento
diz-me coisas de tua vida,
mexe com minha saudade,
estende minha dor,
prolonga minha agonia.
odeteronchibaltazar
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de asas e de mim
odeteronchibaltazar
Foste meu sonho,
minha esperança,
meu ar.
Foste a asa primeira
que me impulsionou a voar.
Agora sem ti
fico assim,
querendo estar aí,
mas não tendo forças
nem para caminhar.
Foste a sedução,
o carinho,
a paz.
Foste a minha inteira paixão.
Agora sem ti,
fico aqui,
sem tuas asas,
e querendo muito,
mas sem poder,
sair deste frio chão.
Volta, amor,
que se faz tarde
e eu preciso de ti para sonhar.
odeteronchibaltazar
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Bipartição
odeteronchibaltazar
Divisão de minh'alma
em claros-escuros
frágeis e veludos
fortes e duros.
Partição de meu destino
em caminhos e muros
em sons doces
ácidos e amaros
em sabores graves e agudos.
Separação de meu verbo
em ser ou não ser
em falar ou não dizer.
Desunião das minhas fontes
em rir e chorar
calar ou gritar.
Sou simples
una
mas inteiramente
uma fissão nuclear.
odeteronchibaltazar
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Risco inútil
odeteronchibaltazar
Escrevo meus dias
em papéis translúcidos,
sem segredos,
sem mistérios
e sem encantamento algum.
Onde o glamour?
Onde a novidade
onde as fantasias?
Sonhos soltos,
perdidos,
embrulhados em rotinas,
em eternos medos.
Frisson? nenhum...
E em viver sem brilho,
sem fama,
sem lama,
sigo assim,
anônima criatura,
acomodada em ternuras,
invisível,
sem graças alcançadas,
e muitas mil promessas
não cumpridas.
odeteronchibaltazar
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