sexta-feira, setembro 30, 2005
Vento Sul
odeteronchibaltazar
Este vento
com cheiro de ausências
invade meus versos,
bate em minha boca
e arrasta pelas noites
o roçar de teus lábios.
Este vento,
que se enovela
pelas ruas desertas,
canta triste pelas frestas
e traz solidão aos meus dias.
Este vento ciumento
diz-me coisas de tua vida,
mexe com minha saudade,
estende minha dor,
prolonga minha agonia.
odeteronchibaltazar
*******
de asas e de mim
odeteronchibaltazar
Foste meu sonho,
minha esperança,
meu ar.
Foste a asa primeira
que me impulsionou a voar.
Agora sem ti
fico assim,
querendo estar aí,
mas não tendo forças
nem para caminhar.
Foste a sedução,
o carinho,
a paz.
Foste a minha inteira paixão.
Agora sem ti,
fico aqui,
sem tuas asas,
e querendo muito,
mas sem poder,
sair deste frio chão.
Volta, amor,
que se faz tarde
e eu preciso de ti para sonhar.
odeteronchibaltazar
************
Bipartição
odeteronchibaltazar
Divisão de minh'alma
em claros-escuros
frágeis e veludos
fortes e duros.
Partição de meu destino
em caminhos e muros
em sons doces
ácidos e amaros
em sabores graves e agudos.
Separação de meu verbo
em ser ou não ser
em falar ou não dizer.
Desunião das minhas fontes
em rir e chorar
calar ou gritar.
Sou simples
una
mas inteiramente
uma fissão nuclear.
odeteronchibaltazar
********
Risco inútil
odeteronchibaltazar
Escrevo meus dias
em papéis translúcidos,
sem segredos,
sem mistérios
e sem encantamento algum.
Onde o glamour?
Onde a novidade
onde as fantasias?
Sonhos soltos,
perdidos,
embrulhados em rotinas,
em eternos medos.
Frisson? nenhum...
E em viver sem brilho,
sem fama,
sem lama,
sigo assim,
anônima criatura,
acomodada em ternuras,
invisível,
sem graças alcançadas,
e muitas mil promessas
não cumpridas.
odeteronchibaltazar
quinta-feira, setembro 29, 2005
Poetrix by odete
Cores
Meus versos tortos
fazem arco iris
para os meus dias.
***********
De(s)corada
Em dias de chuva
trans(a)pareço
em semi tons.
***********
Verão
Lagarteando ao sol
viro camarão
no bafo.
*************
Inverno
Entre uma xícara
de chá e outra,
esquento a vida com versos.
*************
Outono
As árvores, nuas,
exibem silhuetas
de provocar inveja.
**************
Primavera
Arco íris
caído
no meu jardim.
Meus versos tortos
fazem arco iris
para os meus dias.
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De(s)corada
Em dias de chuva
trans(a)pareço
em semi tons.
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Verão
Lagarteando ao sol
viro camarão
no bafo.
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Inverno
Entre uma xícara
de chá e outra,
esquento a vida com versos.
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Outono
As árvores, nuas,
exibem silhuetas
de provocar inveja.
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Primavera
Arco íris
caído
no meu jardim.
quarta-feira, setembro 28, 2005
Saudades
odeteronchibaltazar
Sei que a saudade vai machucar,
mas saudade
é um presente maroto,
presente de grego,
que sempre me dás,
com tuas flores,
tuas dores,
tuas rimas
e teus muitos amores.
Tão bons momentos,
não poderão ficar
no esquecimento
nestas voltas
que a vida dá.
Guarda-me um pouquinho
em seu coração,
pois sou pequenina,
menina faceira,
tão cheia de manha,
e caibo todinha,
inteirinha em tua mão...
odeteronchibaltazar
Crônica
Memória em quadrinhos
odeteronchibaltazar
Quando eu era menina, já adolescendo, adorava ir na casa dos meus avós. Era distante da minha casa e levávamos uns quarenta minutos para chegar lá... a pé.
A casa da nona ficava no meio de uma imensa pastagem e era lá que brincávamos com os primos ou tios.
Eu tenho um tio que é mais ou menos da minha idade, o Vilson, que fazia coleção de revistinhas do Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey e Zé Carioca. Ele comprava todas, inclusive os Almanaques, que eram as mesmas revistinhas, só que mais rechonchudas, recheadas de histórias.
Todo esse tesouro era guardado como devia: dentro de uma grande mala velha, com cadeado, debaixo da cama, no quarto dele, onde eu não entrava por respeito à privacidade.
Não lembro exatamente em que momento ele deu permissão a mim e à minha irmã, de lermos as revistinhas. Lembro somente da emoção e do frisson que eu sentia quando ele arrastava aquela mala até a varanda e a abria, deixando livre seus tesouros. Eu não via mais nada, sentada no chão, embevecida com a leitura. Mergulhava num transe que não via o passar das horas. E depois, prêmio dos prêmios, ele permitia que levássemos alguns exemplares para que continuássemos a leitura em casa. Eu adorava esse ritual de contar as revistinhas para saber quantas estávamos levando, pois antevia o prazer de tê-las para ler e reler com calma no silêncio do meu quarto.
Até hoje, sinto o cheirinho daquelas pequenas revistas que me fascinavam e me divertiam tanto. A cor, a textura, o formato, tudo era absorvido e me marcava indelevelmente. Começava aí a minha paixão por histórias em quadrinhos pois pelos livros eu já era apaixonada desde que comecei a ler.
Acho que devo ao meu tio Vilson o meu fascínio por bancas de revistas.
odeteronchibaltazar
odeteronchibaltazar
Quando eu era menina, já adolescendo, adorava ir na casa dos meus avós. Era distante da minha casa e levávamos uns quarenta minutos para chegar lá... a pé.
A casa da nona ficava no meio de uma imensa pastagem e era lá que brincávamos com os primos ou tios.
Eu tenho um tio que é mais ou menos da minha idade, o Vilson, que fazia coleção de revistinhas do Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey e Zé Carioca. Ele comprava todas, inclusive os Almanaques, que eram as mesmas revistinhas, só que mais rechonchudas, recheadas de histórias.
Todo esse tesouro era guardado como devia: dentro de uma grande mala velha, com cadeado, debaixo da cama, no quarto dele, onde eu não entrava por respeito à privacidade.
Não lembro exatamente em que momento ele deu permissão a mim e à minha irmã, de lermos as revistinhas. Lembro somente da emoção e do frisson que eu sentia quando ele arrastava aquela mala até a varanda e a abria, deixando livre seus tesouros. Eu não via mais nada, sentada no chão, embevecida com a leitura. Mergulhava num transe que não via o passar das horas. E depois, prêmio dos prêmios, ele permitia que levássemos alguns exemplares para que continuássemos a leitura em casa. Eu adorava esse ritual de contar as revistinhas para saber quantas estávamos levando, pois antevia o prazer de tê-las para ler e reler com calma no silêncio do meu quarto.
Até hoje, sinto o cheirinho daquelas pequenas revistas que me fascinavam e me divertiam tanto. A cor, a textura, o formato, tudo era absorvido e me marcava indelevelmente. Começava aí a minha paixão por histórias em quadrinhos pois pelos livros eu já era apaixonada desde que comecei a ler.
Acho que devo ao meu tio Vilson o meu fascínio por bancas de revistas.
odeteronchibaltazar
sexta-feira, setembro 16, 2005
de saudades
odeteronchibaltazar
A saudade teceu um manto
sobre minhas palavras
que estão,
agora,
frias e caladas.
Já não adianta
as teias e seus cristais luzirem nas manhãs
pois meus olhos adormecerão
como sensitivas ao toque.
E as vozes dos riachos
entoarão,
à toa,
as cantigas.
E as folhas mortas
esquecerão de dar cores ao outono
ou de abafar o som dos meus passos fugidios.
Já não adianta o amanhecer com suas promessas
pois que a saudade se instalou
definitivamente em meus dias.
odeteronchibaltazar
odeteronchibaltazar
A saudade teceu um manto
sobre minhas palavras
que estão,
agora,
frias e caladas.
Já não adianta
as teias e seus cristais luzirem nas manhãs
pois meus olhos adormecerão
como sensitivas ao toque.
E as vozes dos riachos
entoarão,
à toa,
as cantigas.
E as folhas mortas
esquecerão de dar cores ao outono
ou de abafar o som dos meus passos fugidios.
Já não adianta o amanhecer com suas promessas
pois que a saudade se instalou
definitivamente em meus dias.
odeteronchibaltazar
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