Descaminhos
odeteronchibaltazar
Foram tantos os anos que passaram que havia perdido as esperanças de reencontrá-lo. Já nem fazia mais questão. A juventude se fora. Os filhos estavam criados. A aposentadoria, à porta. Os financiamentos, quitados. Os sonhos, arquivados. As rugas faziam caminhos no seu rosto e ela se sentia uma tonta ao chorar enquanto ouvia as músicas daqueles dias. Quase ridícula. Com os olhos marejados olhava-se no espelho, esperando ver a jovem irremediavelmente apaixonada de tanto tempo atrás. Não conseguia mais lembrar do rosto dele, nem do sorriso que pintava em seu rosto nas noites em que fugiam do mundo. O tempo apagara o eco daquela voz a sussurar coisas de amor e planos impossíveis. Só não conseguira apagar a dor da ausência e o gosto da saudade que insistira em morar em sua vida. E embora o tempo e a distância tenham sido a sua companhia, aquele amor ficara escrito na sua pele de maneira definitiva e nunca pôde amar de novo tão loucamente como amara. Chorou por tudo que deixou passar. Chorou por tudo que optou.
Finalmente chorou...
odeteronchibaltazar
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