quarta-feira, abril 13, 2005
Foto by Cândido (Portugal)
As coisas que tu me escreves
Cândido
Porque me falas assim,
Nessa voz tão carmesim,
Tão sedutora, c’um jeito,
Como pétalas de amor
Que o vento rouba na flor
E arrasta par a o meu peito?
As coisas que tu me escreves
São tão etéreas, tão leves,
Que eu me sinto a levitar
Num nirvana, nas alturas,
Onde nossas almas puras
Se encontram pra comungar.
Mas eu sou amor vadio
E numa ilha do meu rio
Construí uma cabana
Para os meus prazeres mundanos
Os meus amores ciganos,
Nos lençóis da minha cama.
Mas neste tempo tão frio
Essa ilhota do meu rio
Está triste, está desolada,
e por meu mal, minhas dores,
essa ilha dos meus amores
está toda desabitada.
Ai meu amor, quem me dera,
Que ao chagar a primavera
Tu pudesses ser feliz,
Na cabana colorida,
Pintura da minha vida,
Sobre lousa a paus de giz.
Até troco a minha ilha,
A quem quero como filha,
Por outro lugar qualquer,
Onde um remansoso rio,
Tenha ilhas do nosso cio,
Onde possamos amar.
Cândido, 4/03/2005
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